Strasse Reciclagem de Pneus prepara nova unidade produtiva em Sumaré

A Strasse Reciclagem de Pneus, sediada em Curitiba/ PR, uma das maiores empresas brasileiras que transformam pneus velhos, considerados inservíveis, em um produto nobre, o pó de borracha para fabricação de asfalto-borracha, acaba de adquirir uma área em Sumaré, no Jardim São Roque, região central – ao lado da linha férrea – onde vai montar sua nova unidade produtiva. A nova planta industrial deve atuar exatamente na produção de pó de borracha para a indústria de asfalto, gerando inicialmente cerca de 35 empregos diretos e indiretos. A produção deve ter início dentro de 45 dias.
Segundo o sócio da Strasse Reciclagem, Joel Custódio – que já morou em Sumaré –, a instalação da nova unidade já está adiantada e a empresa aguarda apenas a expedição de todas as licenças necessárias pelos órgãos competentes.
Além disso, como já é prática da empresa, a produção deve contar com a participação de detentos do CR (Centro de Ressocialização de Sumaré), que assim poderão ter suas penas reduzidas através da remição pelos dias trabalhados – além de receberem salários normalmente.
“Já estamos instalando as máquinas e já fizemos contato com o CR de Sumaré para utilizarmos mão de obra de apenados. Nossa empresa trabalha dentro de um projeto social, sanitário e ambiental que se chama ‘Pneus Velhos, Asfalto Novo’. Fomos muito bem recebidos pela direção do Centro de Ressocialização, que nos deu total apoio ao projeto social que utiliza de mão de obra de detentos. Esperamos logo obter todas as licenças para iniciarmos a operação”, adiantou Custódio.
Segundo ele, a opção por Sumaré se deu por três motivos: a proximidade com o Polo Petroquímico de Paulínia e, por consequência, com as empresas que produzem massa asfáltica a partir do petróleo; a localização do galpão, com fácil acesso à malha ferroviária que corta a cidade; e a própria proximidade com o CR, o que permite o trabalho social da empresa.
Quando possível, a Strasse também atua em parceria com cooperativas de catadores e recicladores, comprando delas os pneus recolhidos pelos cooperados em meio ao lixo e entulho.
PRODUTO
Através de uma parceria com a Grecca Asfaltos e a Abidip (Associação Brasileira dos Importadores e Distribuidores de Pneus), da qual Custódio é membro, o produto da Strasse já havia sido utilizado, até o 2º semestre de 2017, na pavimentação ou recape de mais de 8 mil quilômetros de rodovias em todo o Brasil, com o uso de oito milhões de pneus inservíveis em rodovias como o Sistema Anchieta-Imigrantes, Rodoanel e as BR-277 (Paraná) e BR-050 (entre Minas Gerais e Goiás).
O projeto da Strasse nasceu em 1999 e mantém parcerias também com importadores de pneus, cooperativas de catadores e a Colônia Penal Agrícola de Piraquara/PR. Existe até mesmo um Projeto de Lei Federal (PL 132/2011) tramitando na Câmara dos Deputados que, se aprovado, pode determinar o “uso preferencial de asfalto-borracha — produzido com borracha de pneus — na pavimentação ou recuperação das ruas”.
Segundo o empresário, as concessionárias que administram as rodovias pedagiadas são as maiores clientes do asfalto-borracha atualmente, com destaque para o Grupo EcoRodovias, que já aplicou mais de 800 mil pneus reciclados na forma de asfalto ecológico em estradas sob sua gestão, como a Ecovias, Ecopistas, Ecovia, Ecocataratas, Ecosul, Eco101, Elog e Ecoporto Santos.
“Diferentemente do preconceito de que produtos fabricados com matérias-primas reutilizáveis têm qualidade inferior, o asfalto-borracha é um pavimento que tem qualidade três vezes superior ao asfalto comum”, disse Custódio durante a 1ª Audiência Pública feita pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados, em Brasília/DF, realizada em 11 de julho de 2017 e que discutiu a situação das empresas de reciclagem no Brasil.
Vantagens do asfalto-borracha incluem ruído e maior resistência
Segundo a Abidip, estudos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul mostram que o asfalto-borracha reduz o ruído do pneu em contato com o solo e a aquaplanagem é 40% mais resistente, e tem vida útil 30% maior que o asfalto comum.
Apesar da qualidade superior e ser alternativa importante para a infraestrutura de ruas e estradas do país, Custódio apontou dificuldades para a manutenção do negócio. Uma delas é a ausência de diferenciação tributária e fiscal entre um produto que é inservível e se transforma apto para nova utilização após seu ciclo final de vida.
“Os governos deveriam entender que a tributação sobre um pneu já ocorreu durante o ciclo de sua vida útil, quando foi matéria-prima, quando foi industrializado, quando foi transportado e quando foi comercializado. Como você pode tributar um produto que virou lixo, que é inservível, que se tornou um problema sanitário?”, questionou o executivo da Strasse Reciclagem de Pneus, Joel Custódio.
Segundo o empresário, um pneu de veículo de passeio nacional já sofre tributação de 38,67% em seu ciclo de vida útil. Um importado, 55,27%. Um pneu de caminhão nacional paga 32,97% e um importado 49,57%.
Fonte: tribunaliberal.com.br